domingo, 13 de junho de 2010

Conto de natal

À noite de natal nunca foi feliz para a menina Clara, noite de natal pode não ser noite feliz para muita gente, cada um sabe por que gostar ou não dela, e alguns, nem isso, mas a menina Clara tem seus motivos para não gostar, eu diria, um trauma de infância...
- Vem filhinha, daqui a pouco o Papai... Noel, chega para entregar os presentes, além do mais, eu não sei como ainda tem lugar nessa sua barriga pra comida, menina gulosa! Vai Clara, vai lavar a mão e vem se sentar junto da gente, o Papai Noel já deve estar chegando, falta pouco para a meia noite.
- Ta bom mamãe, to indo, deixa só eu terminar de papar a torta da vovó.
Noite de natal, os últimos momentos de natal feliz da menina Clara, a casa era grande, era na verdade um sobrado, no centro da sala estavam sentados sua mãe e sua avó, faltava alguém, o pai de Clara estava viajando a negócios, o que deixava o natal daquele ano menos mágico, mesmo com a chegada do Noel, mas ainda assim, um natal feliz.
- Mãããe olha minhas mãos, estão limpas né?
- Hã... –faz um gesto contrariada, porém afirmativo, as mãos estavam engorduradas, talvez a menina nem houvesse as lavado, mas como reclamar de uma garota de seis anos?- Ta, ta limpa sim, só não fica pegando no controle da tevê.
- Ta bom! Porque?
- Por que não é para pegar...
Clara corre com sua porquinha rosa de pelúcia pela casa toda, assim, meio tonta, sem saber aonde ir, dando uns gritinhos, pulinhos, solucinhos e mais tudo no diminutivo que uma criança loira com vestidinho verde tem direito.
- O vóóó.
- Diga meu anjo.
- Sabe o que é que é que é que o professor disse hoje na escolinha?
- Como é que eu vou saber meu bem?
- Ele perguntou quem é que é que eu clonaria!
- E o que você disse clara?
- Que eu clonaria você!
Então os olhos da velha senhora se encheram de lágrimas, ela abraça fortemente sua neta, e nesse momento o rosto daquela mulher fica com uma expressão ainda mais bondosa.
- Clara volta a correr pela casa com sua porquinha rosa e toda sua coleção de diminutivos, impaciente, pois sua mãe disse que neste natal o Papai Noel viria enquanto ela estivesse acordada.
- O mãe... O pai não ta aqui, ele não vai ver o Papai Noel, manda ele vim aqui outro dia, um dia que o pai estiver com a gente, aposto que o pai quer ver o Papai Noel também.
- Calma Clara, eu vou gravar na fita de vídeo, ele vai poder ver o Papai Noel quantas vezes quiser.
- Mas pessoalmente é melhor!
- Tudo bem Clara, ele já viu o Papai Noel quando tinha sua idade.
- E isso é quanto tempo?
- É mais que sua idade...
- Vó! Eu tenho cinco ou seis?
- Seis na idade e cinco no pé direito.
Clara gargalha durante muito tempo com a piada e volta a correr pela casa toda.
- Clara! Eu disse para você não pegar no controle da tevê, menina mal criada!
Mas a menina mal criada está no quarto da sua mãe, sujando outro controle, enquanto assistia a um programa infantil.
E com o mesmo sem motivo para ligar a tevê, ela a desligou e desceu para a cozinha, mexeu na comida, e quando se preparava para comer mais um pouco sua mãe grita:
- Clara meu amor, venha rápido, o Papai Noel chegou!
Nesse momento a menina quase explode.
- Ah! Papai Noel! Meu presente! Mãããããe! Cadê meu presente?
Ela pega uma caixa rosa, mas toda a vontade de abri-la passa, de repente tudo o que a menina queria era ficar perto do Papai Noel.
- Papai Noel? Porque você é tão barrigudo e tem os braços e pernas fininhos? Você é engraçado!
- Hoho, minha querida, um passarinho me disse que seu nome é Clara, acertei?
- Nooossa! Você deve ter um Papaigaiel muito falador mesmo! – ela diz isso com os olhos brilhando.
E Clara enche o Papai Noel com infinitas perguntas, e o homem enche Clara com respostas, até que a menina cansa, e resolve ir dormir, ela se despede de todos, a mãe, a avó e o Papai Noel, sobe para seu quarto, e se deita.
O barulho na sala continua por mais algum tempo.
E logo as luzes se apagam.
Pouco tempo depois Clara se levanta, ela abandonou sua porquinha rosa em algum lugar, e vai até o quarto da sua mãe lhe perguntar se ela a viu.
- Como eu estou cansado, meu bem.
- Eu também Noelzão!
Agora a menina está paralisada, escandalizada, por uma fresta da porta ela vê sua mãe beijando o Papai Noel, isso era o fim! Ser traída pelo Papai Noel! Clara bate em retirada, chorando, e demora a dormir, ela pensa em seu pai, no Papai Noel traidor, na sua mãe e em sua porquinha rosa.
E ela dorme triste.
E pela primeira vez ela dorme sem sua porca rosa.

- Acorda filhinha!
- Pai! Você veio! Achei que ia demorar mais para chegar, quando você chegou?
- ...De madrugada, de madrugada...
- E você bateu no Papai Noel né?
- Ora minha filha! Por que eu faria uma maldade dessas com o bom velinho?
- É que... Que... Ah! Não é nada não, só me promete que ele nunca mais vai vir aqui em casa!

Dedicado a uma grande amiga.


Conto de natal 02/02/08

2 comentários:

  1. Esse conto me lembra pessoas d bons tempos..
    =)

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  2. hsauhsauhsauhsaushausahusahuashusah
    papai noel eh esperto neh rapaz! não visita só as criancinhas saushausuausahuhsausausa

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