segunda-feira, 31 de maio de 2010

Muito intimo

Eu tinha o que? doze, treze anos? a memória exata me falha, de qualquer maneira era a sétima série. E você? Dez ou onze anos... tão nova.
Lembro da primeira vez que conversamos, foi breve, e eu me enchi de vergonha, a Wanessa gostava de mim, e foi você que apareceu do além pra me perguntar se eu a beijaria.
Em pouco tempo ficamos muito amigos, você tinha a bendita mania de me abraçar... adoro abraços... e como você tive só duas ou três amigas.
Não nos falamos muito hoje, mas nutro por você um carinho enorme, por você e só mais duas ou três amigas.
Creio que ainda na sétima série (caiu uma lágrima no papel) você começou a gostar de mim, tão nova e tão mais esperta do que eu, da minha parte, encabulação, pudores, e assim se passou muito tempo, oitava série, primeiro ano, eu continuava te visitando no velho colégio até o dia em que você se mudou para outra cidade... você me pediu um beijo, e foi o único (que diga-se de passagem fiz o máximo para ser o pior possível), quanto tempo você gostou de mim?

Pulo vários anos, nesse meio tempo nos falávamos, em épocas com muita freqüência, em época com menos ânimo. Uma vez nesse meio tempo combinamos de sair, haha, por falta de planejamento acabamos nos desencontrando.

E você voltou pra nossa cidade, nos vimos... uma única vez, tenho o costume de cobrar meus amigos e sempre fui tão relapso com você. Desculpe. Nesse dia quem tentou te beijar fui eu...
Mudei de cidade, prometi te fazer uma ultima visita e não cumpri.
Hoje por acaso vou falar com você.
E estou tremendo até agora.

Em resumo nossa amizade é isso.

Mas e agora? Queria estar aí e receber um abraço longo e forte... Acho que eu é que preciso ser consolado... Como você me fica grávida? Até agora estou atordoado. Temo pelo seu futuro, pelo futuro dessa criança (pausa pra um choro longo). A vida toma cada caminho estranho, tenho o costume de pensar nos “se”, se fosse, se não fosse, se não fosse... Nem nisso consigo pensar.
Só posso te desejar boa sorte, mesmo acreditando que desejar boa sorte em nada resolve, estou longe e nem um abraço posso te dar, desabafo nisso que é provavelmente meu texto com palavras mais repetitivas, chatas, sem cor, mas não quero editá-lo pois minha sinceridade seria alterada.
Sinto no fundo do peito uma dor de preocupação, uma dor de tristeza e uma dor de não sei o que. Tento ao menos me animar com a chegada da criança, mas mesmo tomado pela emoção, quanto a isso, estou sendo racional.
Mas quero vê-lo, digo, vou vê-lo, Chorando litros imagino, e espero até lá estar feliz e ver a possibilidade de seu futuro não interrompido.
A primeira, e até o momento era a única vez que imaginei uma amiga minha sendo mãe foi bem diferente, por que a loira, diferente de você, japa, não estava esperando criança alguma. Era uma possibilidade ao longe, até engraçada, crianças correndo pela casa e me chamando de tio.
Agora é real, e as crianças não vão correr pela sala nem me chamar de tio, vão ser formais, pois serei um desconhecido, e isso inclui os futuros loirinhos. Será menos charmoso, mas vou gostar mesmo assim.
Futuramente ainda iremos nos falar? O tempo passou e perdemos muito contato, embora tenha sobrado a amizade, mas e daqui dez anos? Tenho medo de pensar nessas coisas.

(...)

Já é outro dia, não sei por quanto tempo fiquei acordado na cama, embora mais calmo, não consigo me encontrar, acho que o tempo vai se arrastar pesadamente até eu absorver tudo isso. Não me acostumo com essas coisas.
E estou desistindo de terminar esse texto de forma apropriada, não acho um desfecho nem uma frase de efeito. Então só digo que te quero bem, você e essa criança.
Te amo japa.
Beatriz... Bia.


Muito intimo 31/05/10

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