sexta-feira, 28 de maio de 2010

Minha tristeza Maringaense

As máquinas funcionaram e eu não vi, a distância aumenta e diminui minha dor, mais um prédio histórico foi tombado, Américo Dias Ferraz, a rodoviária velha agora só reina imponente em fotos e mentes. Destroem a memória da minha cidade materna, meu berço perde a cor, tudo em prol de uma falsa revitalização urbana. Exorcizam a rodoviária como se ela fosse a causa única dos problemas de Maringá.
No lugar? Algum prédio comercial, cinza, espelhado, quadrado e sem vida. Revitalização? Os meios são sempre os mesmos, a policia ou recoloca os marginais, mendigos e prostitutas em bairros pobres como o Alvorada, recoloca os marginais, mendigos e prostitutas em cidades vizinhas e desprotegidas como Sarandi ou Paiçandu, ou por baixo de todos os panos a policia acaba de vez com a vida dos marginais, mendigos e prostitutas. A limpeza da revitalização ou suja outros locais ou mata outras pessoas.
Os arredores valorizam, a especulação imobiliária corre como uma louca feliz, o policiamento aumenta, as ruas se limpam, os empregos aparecem. Quem aproveita? A burguesia, mesmo se fosse construído o tão sonhado espaço cultural a população humilde apenas transitará pelos arredores para trabalhar, tendo a infeliz ilusão de que a situação está muito melhor. Para os pobres uma parede nova, bonita... e Parede. Para os miseráveis, a exclusão.
Mulheres se venderão em outros lugares, homens usarão crack em outros cantos, pois não é do interesse da prefeitura que o problema de fato acabe. Se medidas verdadeiras, efetivas, fossem tomadas talvez com dor no peito eu aceitasse a retirada de um pedaço do meu coração. Mas por fim, me sobram uma cicatriz no tórax e a certeza de que meu câncer pulmonar só mudou para os rins.


Minha tristeza Maringaense 28/05/10

2 comentários:

  1. Muito massa Luiz, tanto o texto quanto a criação de um Blog, mais um companheiro bloggeiro, que não é só virtual, hehe
    abraços

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  2. massa cara, lembra o corredor cultural aqui de curitiba..
    lutemos meu amigo, lutemos perante o luto.
    abraços!

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